segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Crítica a um filme

Que filme rúim da porra!!!

Mantra (telefônico interrogativo)

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É da ca' de Guiguio?

É da ca' de Dadai?

É da ca' de Nén?
É da ca' de Nái?
É da ca' de Guiguio?

É da ca' de Dadai?

É da ca' de Nén?
É da ca' de Nái?
É da ca' de Guiguio?

É da ca' de Dadai?

É da ca' de Nén?
É da ca' de Nái?
É da ca' de Guiguio?

É da ca' de Dadai?

É da ca' de Nén?
É da ca' de Nái?
É da ca' de Guiguio?
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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sobre "Quem num tem emelho ximba"

Quem num tem emelho ximba!

É um texto meu, com a colaboração do meu amigo Fábio Bastos. Fora, de fato, escrito aos 03 de Novembro de 2000 na então "Sala de Iniciação Científica" dos estudantes de graduação em Geofísica, no Instituto de Geociências da UFBA, cidade do São Salvador da Bahia.

O que publiquei aqui é uma cópia da mensagem recebida pelo Professor Nelson Pretto (http://www2.ufba.br/~pretto/emelho.htm), da Faculdade de Educação da UFBA, encaminhada por algum dos meus amigos que eram alunos seus ou desenvolviam algum trabalho consigo naquele período.

A estória é uma paródia sobre um texto que circulava na época que tratava duma entrevista a um homem que se tornara empresário de sucesso no comércio de frutas, sem qualquer uso de das facilidades providas pela rede. Ao final da entrevista ele deixa claro que aquilo tudo aconteceu devido à perda duma oportunidade de emprego na Microsoft justamente por não dispor dum endereço eletrônico (e-mail) para receber o contato da empresa. Até aqui, os fatos. Vamos à historia.

Penso que no início da década de 80 o rótulo de "brown" servia para estigmatizar o comportamento social dos pobres em Salvador, em sua maioria negros e pardos. O termo em inglês rapidamente fora aportuguesado para "bráu" - que eu acho muito mais legal - e essas ditas "coisas de bráu" tornaram-se mais comuns e aceitas, mas ainda admitindo alguma caricatura. Desde a infância que tenho contato com esse universo e sempre me diverti no exagero dos gestos e da fala desse grupo, por assim dizer, muito mais numeroso e representativo da sociedade soteropolitana do que qualquer outro. Enfim, resolvi grafar o divetimento no texto "Quem num tem emelho ximba" que não só emprega aquele linguajar com alguma propriedade, com também explora outros aspectos da realidade socioeconômica dessa parcela da sociedade.

Tudo se deu muito despretensiosamente e o texto, para minha surpresa, vem se transmitindo até hoje e repercutindo de maneiras muito inusitadas. É, por exemplo, referência em cursos de extensão universitária (http://www.faced.ufba.br/~bonilla/conectunemat.htm), fonte de discussão sobre exclusão digital, texto teatral, de estudo sobre uso da língua, além de estar publicado em blogs dos mais diversos.

Há muito que meus amigos me pedem para publicá-lo eu mesmo, o que faço aqui, revelando, enfim, as verdadeiras identidades de Jonilson (que erra o próprio nome) e Claudinei.

Quem nu tem emelho ximba!

---------- Forwarded message ----------
Date: Fri, 3 Nov 2000 12:34:25 -0200
Subject: Quem nu tem emelho ximba


Aí galera,
Esse emelho é de Claudinei, mas aqui é Jonilson que tá falando. É porque eu não tenho emelho aí ele me liberô pra escrevê no dele. E eu quero falá é sobre isso mermo: emelho. A parada é o seguinte. Ôto dia eu tava procurando um serviço no jornal aí eu vi lá uma vaga na loja de computadô, aí eu fui vê lá, colé de mermo. Botei uma rôpa sacanage que eu tenho, joguei meu Mizuno e fui lá, a porra. Aí eu cheguei lá, fiz a ficha que a mulé me deu e fiquei lá esperando. Nêgo de gravata e as porra eu só "nada... tô cumeno nada!''. Aí, eu tô lá sentado, pá, aí a mulé me chama pa entrevista, lá na sala dela. Mulé boa da porra! Entrei na sala dela, sentei, pá, aí ela começô: a mulé perguntano coisa como a porra, seu sabia fazê coisa como a porra e eu só...''sim sinhora, que eu já trabalhei nisso já", jogano 171 da porra na mulé e ela cumeno, a porra! Aí ela parô assim, olhô pra ficha e mim perguntô mermo assim: "você mora aí, é ?'', aí eu disse "é''. Só que eu nun sô minino, botei o endereço de um camarado meu e o telefone, que eu já tinha dado a idéa já pra ele se ela ligasse pá ele dizê que eu sô irmão dele e que eu tinha saído, pra ela deixá recado, que aí era o tempo dele ligá pro orelhão do bar lá da rua e falá comigo ou deixá o recado que a galera lá dá. Eu nun vô dá meu enedreço que eu moro ni uma bocada da porra! Aí a mulé vai pensá o que? Vai pensá que eu sô vagabundo tomém, né pai... Nada! Aí, tá, a mulé só perguntano e eu jogando um "h'' da porra na mulé, e ela gostano vú... se abrindo toda... mulé boa da porra! Aí ela mim disse mermo assim: "ói, mim dê seu emelho que aí quando fô pra lhe chamá...- a mulé já ía me chamá já - ... quando fô pra lhe chamá, eu lhe mando um emelho.''Aí eu digo 'porra... e agora' ?''. Aí eu disse a ela mermo assim "ói, eu vou lhe dá o emelho de um vizinho meu pra sinhora, que ele tem computadô, aí ele mim avisa''. Mintira da porra, que o cara mora longe como a porra e o computadô é lá do trabalho dele, aí ele ía tê que mim avisá pelo telefone lá da rua. Aí, depois quando eu disse isso, a mulé empenô. Sem mintira niua, ela me disse mermo assim: "aí, não: como é que você qué trabalhá ne loja de computadô e não tem emelho?" . Aí ela bateu no meu ombro assim e disse "Ói, hoje em dia, quem num tem emelho, ximba!'', falô mermo assim, véi, a miserave da mulé. Miserave! Mas aí, eu ía fazê o que, véi?


Aí uns dias depois eu acabei conseguindo um seviço de ajudante de predero: um pau da porra! Eu pego 7 hora da manhã e leva direto, a porra, de 7 a 7, aí meio dia para pra almuçá, comida fêa da porra, e acabô o almoço nun discansa não, volta pro seviço. É pau, vú véi... é pau viola mermo. É por isso que eu digo, é como a mulé disse: "quem nun tem emelho, ximba!''. É isso aí. Os cara que nun recebero esse emelho vai ximbá, na moral, dá um pau da porra, quando chgá fim de mês,recebê uma merreca. Agora pra você que recebeu esse emelho, eu vô lhe dá a idéa, ói, vá lá na loja que ainda tem a vaga! Já fui! Esse emelho é de Claudinei, mas aqui é Jonilso que tá falando. Valeu!


Jonilso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Minha novela

Há muitos anos tenciono escrever uma novela. Ao contrário das ordinariamente exibidas, minha novela não deixará óbvio o desfecho já no primeiro capítulo, como é costumaz na teledramaturgia brasileira. Será a quebra dum paradigma, pois vai acabar de uma vez por todas com as revistas da TV. Eu mesmo, que não assisto novela, acompanho as capas e entendo tudo.



Será assim. Nenhum personagem participará de mais de cinco (05) capítulos, necessariamente os de segunda a sexta; o sábado será para as cenas dos próximos capítulos, apresentadas aleatoriamente, cabendo ao expectador ordená-las mentalmente; cada ator será protagonista em apenas um capítulo e coadjuvante nos outros quatro, Sempre com menos importância que no anterior (ou seja, cada personagem já aparece como protagonista do capítulo). Terá no elenco mais de 300 atores principais, entre os quais Francisco Cuoco, Claudio Marzo, Claudio Cavalcanti, Tarcísio Meira e, no dia em que todos contracenarem, será idêntica a algum capítulo de Irmãos Coragem; terá ainda José Wilker, José Mayer, Taumaturgo Ferreira, Claudio Vereza, Ricardoo Macchi, entre tantos outros.



Haverá muitos closes dramáticos, erros de concordância e algum barbarismo; uma personagem (do sexo feminino, distinção feita no artigo) concentrará todos os tabus já tratados em novelas da TV Globo: a mulher será lésbica, negra, mãe solteira, usuária de drogas, deficiente física, prostituta de rua, hermafrodita; amará demais, terá sotaque estrangeiro e morará nalguma cidade da Bahia. Ah, será medium. (Posso atualizar este texto acrescentando características à personagem). E, na sua última aparição, será vítima do Tesoureiro Maluco, interpretado por Guilherme de Pádua.