segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paris, 10 de dezembro de 2010

Neste primeiro dia completo em Paris, aprendi ser pouco recomendável seguir os passeios a pé do Lonely Planet no sentido contrário, particularmente quando não se vê o sol ou não se dispõe de um gps. São 14:30h e eu parei para almoçar. O restaurante está quente, ao menos perto do aquecedor - o que é bem razoável - e toca um jazz. Escolhi o equivalente ao plat du jour, já nem me lembro o preço. A opção é creme de abóbora de entrada, pato com batatas e café.
Hoje, mais cedo, no início desta quase malograda jornada, estava com terrível urgência excretora, ou, noutas palavras, uma desconcentrante vontade de urinar. Parei num café, tomei um expresso e comprei uma eau mineral que sequer abri. Ah, outra lição é que não se deve consumir água em abundância antes de se sair à rua, especialmente se a temperatura estiver em torno de 0 graus Celsius. Na verdade, não sei quanto está mais quente do que ontem, mas com certeza, abaixo dos 10 graus. Só me incomoda um pouco quando venta.
Pelo meu “plano” para hoje eu devo comprar o passe para os museus depois deste almoço. Foi uma coxa de pato frita, com batata rostie; sobremesa, um crême broulée. São 15:25h quero crer que ainda haja tempo.
Outra boa lição é que não se deve tomar Naldecon Noite às seis-e-meia da manhã, mesmo que se pretenda tirar um cochilo: dá uma leseira que eu nunca pensei possível (também, pudera, só o houvera tomada à noite).
    

domingo, 17 de abril de 2011

Sobre o entendimento (2)

Rio de Janeiro, 13 de Abril de 2011.

A primeira sobre o entendimento é esta.

Eu prefiro escolher com precisão minhas palavras para, assim, com precisão, compor minha comunicação. Vejamos, então, quanto êxito eu logro neste intento de fazer saber, a quem interessar possa, o que eu penso ou sinto, e sigamos o mote ao pé da letra. Comecemos pelo signo do AMIGO.

Certa feita, num outro momento da vida, recebi duma amiga um cartão lindo que, entre outras coisas de mesma beleza, falava sobre a importância de saber receber o amor que se lhe oferece. Corro o risco de haver perdido o cartão, apesar da intenção de para sempre guardá-lo, depois de tantas mudanças de domicílio, até de estado federado e de tantas outras coisas na vida. Ainda não sei, posso ter perdido o cartão, mas nunca o sentimento contido nas palavras de minha amiga.

Muito bem: mais do que uma frase de efeito, venho tendo ao longo da vida a oportunidade de experimentar e constatar quão importante é receber e aceitar o amor que se nos é oferecido por quem há a nossa volta; percebê-lo no quotidiano é muito menos trivial do que manifestá-lo explicitamente. Felizmente "a vida cria" ou - eu diria, simplesmente - há a realização da experiência em que o amor gratuito seja a única trivialidade imediatamente apreensível.

(Eu me repito muitas vezes neste texto. Vou seguir me repetindo.)

A lição sobre a importância de se perceber (palavra minha) e aceitar o amor que se lhe é oferecido eu devo à minha amiga Mina Kato. O encontro recente que me fez experimentá-lo eu devo à minha amiga Lysa, que me recebeu em sua casa. E esta carta eu dedico ao meu amigo Mateo, seu filho, que interrompeu seu dever-de-casa para vir até a porta e me dar um forte, longo e franco abraço de boas-vindas.

Lembre-se, neste texto, quando ler "amigo", da importância que atribuo à precisão na escolha das palavras. Por ora, que nos baste aquele signo, e deixemos os demais para outras cartas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Devaneios

De repente bateu uma vontade louca
De montar uma fábrica de esperma
Mas 'inda que alguém suporte uma gozada eterna
Toda sua produção se faria pouca

Quem de vós se propões a tal feito?
Vale a pena salientar a recompensa:
Grana, fama, orgasmo, prole extensa...
Tesão de vida, hein? Quão perfeito!

Mas, não podeis esquecer o macete:
A excitação tem que ser constante
Pois deve estar sempre ereto, o cacete

E não fazeis dos vossos membros vareta
É ruim tratá-los como objetos
Pode cansá-los de tanta punheta!

NOTA: Este é o poema que deu origem aos "Devaneios". Foi escrito entre 1991 e 1992, quando então estudante da saudosa ETFBA (quando éramos felizes e eu sabia). Eu não tenho mais cópia em papel, mas foi dos poucos que guardei de cor. Relevem qualquer coisa, eu tinha 16 anos. :-)