Gogoze, zigoze, zizaia, gozaia, vozaia, abozaia, apelidos de gogozaia. Não se fala noutra coisa na cidade.
- Há rumores de que Almeida está de gogozaia - comenta a dona-de-casa com bobes no cabelo com sua vizinha debruçada na janela, que responde:
- É uma doença terrível! - e prosseguem a resenha a enveredar por temas outros.
Gogozaia é uma doença que ataca o tôenhas masculino, transmitida no momento da inoculação, caso a mulher urine durante o amorzinho. O tratamento consiste da inserção duma agulha quíntupla pelo canal para a drenagem do material (o pus que se acumula no tonhas). A agulha é inserida quente, a uma temperatura de 120 graus e, lá dentro, se divide em cinco e puxa o carnegão.
Aí, voltando à história de Almeida, a mulé do amendoins, que ele negoce, endoidou, se desesperou e saiu gritando do Elevador Lacerda, na parte do Comércio, na direção da rua:
- Gogoze! Gogovalha! Omeda é gogovaia!
e pronto; era o 1237, aquele motorista que nunca falta, frenou, mas não deu tempo e a mulé saiu voando com o amendoins.
Esse carro... já estava era no horário.
7 comentários:
Seu comentário me surpreende, porque o ponto em que necessariamente paro a leitura é em "carnegão"! Mas sua observação é muito pertinente porque atenta para uma sutileza num texto que é subversivo em sua essência.
O detalhe é que a idéia original não é minha. Não falo do texto, mas do que seja a Gogozaia, é incrível.
Tem mais anúncio do que postagem nessa pôrra!
O acento de "porra" caiu em 1971. Na dúvida, recorra a uma palavra como "disgrama", que nunca foi acentuada. "Desgraça", o correto pela norma culta, admite variantes e abre a possibilidade de se substituir o "ç" por "ss", tornando-se uma palavra "arriscoza".
É porque vc não tem uma família sergipana e outra anguerense, onde carnegão é uma palavra trivial. Uma história de infância que nunca esqueci é que meu pai tinha um "furunco" embaixo do braço e que teve de ir para o médico "rasgar". Como tinha pús (o acento de pús caiu também?), a anestesia não pegava e o médico rasgou e espremeu até tirar o carnegão.
História mais que verídica.
Sempre que eu procuro "gogozaia", o Google me corrige com um "você quis dizer 'gogozão'".
Pois bem. Entre as coisas que eu canto, há
"
O gogozão
O gogozão
O gogozão
É a gogozaia do povão "
Toda hora eu me pego cantando.
Eu só tive um furunco na vida, no braço esquerdo. Cheguei a usar tipoia por não conseguir mover o braço de tanta dor. Aí, meu avô mandou passar Nebacetin em toda área e deixar o olhinho. Aí a pomada vai chupando o pús até o furunco pocar e sair o carnegão.
Ficou uma cicatriz.
Postar um comentário