segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Recado

Oi Fred,
Não esqueça de tirar essa roupa do varal de fora.
Não pode levar chuva e ficar cheirando a chulé.

Quitéria.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Meu Próximo Livro

Depois do sucesso de Inteligência Emocional, de Domenico de Masi, vem aí o próximo livro mais vendido (best-seller) do Brasil: Chantagem Emocional.

Aprenda truques e artimanhas para ter as pessoas motivadas a fazerem algo por você. Saiba como mexer com as emoções alheias de forma a atingir seus objetivos.

Chantagem Emocional, seu próximo guia de comportamento, seu eterno manual de sobrevivência.

Chantagem Emocional: breve, em todas as livrarias, bancas e máquinas de livros.

domingo, 5 de junho de 2011

Monólogos Além do Banquete

A neomúsica nilótica
A perfeição e a zona afótica
As chamas e a alma trépida
O perfume e as vestes fétidas

As curvas e a face exótica
A atitude hipócrita
A constituição rústica
A qualidade acústica

As análises insólitas
As várias óticas sórdidas
As fantasias impudicas
Sorriso e palavras lúdicas

A verdade encoberta
Aporta entre-aberta
A chance remota
A ausência de porta

As angústias, as maravilhas
As chamas isolando a ilha
A solidão, a partilha
Sem que uma das partes
Fuja da família
Ou, talvez muda, quase morta
Você se esconda atrás da porta.

Nota: este poema data do segundo semestre de 1991 e é a letra duma canção cujos acordes custei a lembrar-me. A pompa do título arrefece-se com a singeleza da melodia. A Gabriela Garcia.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Maloqueiros do Mundo (III)

Desde 2009 venho colecionando impressões sobre os EUA (Estados Unidos da América, também conhecido como iú-és-ei), em vindas (sim, eu estou aqui) por razões diversas. Estive em outras cidades, mas a que passei mais tempo e revisito nesta oportunidade é Houston, capital mundial da indústria de petróleo, mas nem por isso capital do Texas.

Houston é uma cidade grande, que bem parece uma passagem de carros, dado o tamanho das estradas, aqui chamadas freeways, e o espaço livre entre as edificações. Houston é uma cidade pensada para pessoas dentro de carros, e é aí que nos entramos, porque quem tá fora de um, parceiro, pode crer que é maloqueiro.

Andar a pé em Houston é, em si, uma atitude suspeita, porque só gente com cara suspeita se locomove assim. E deve ser mesmo muito arriscado fazê-lo, porque "por milhas e milhas" não se ve um pé de pessoa "na paleta" (ou "na 11", que significa "a pé" no dialeto crioulo soteropolitano). Assim, para quem acompanha minhas andanças pelo mundo, nada mais apropriado a alguém com meu perfil do que não dirigir. Aí, não deu outra: eu sou mais um maloqueiro batendo perna pelas drives'n roads de Houston.

Os pedestres de Houston são indubitavelmente pessoas mais humildes (do que todas as outras). Dos poucos pedestres, acho que um era branco, os demais eram negros ou hispânicos. Nao que ser preto ou ter cara de mexicano signifique ser pobre e fuleiro, mas, no caso, é. Então, só para não parecer que sou eu o preconceituoso, conto que vi uma moça de louro cabelo escorrido natural e inconfundíveis olhos azuis, esquálida e banguela, portando uma placa de papelão com o dizer "hungry", a pedir esmolas num semáforo do outter loop. Feito o contraponto, voltemos à ironia da realidade.

Eu, maloqueiro que sou, aproveitando o bom momento da economia brasileira, fui gastar os meus dolares nas liquidações diversas, onde se encontra muita coisa de marca a preço de porta-de-loja. Eu entrava nas lojas e saia, 2 horas depois, chei de saco prártico na mão, a andar até o hotel, parecendo um maloqueiro. Por falar em hotel, o que me hospedei tem ótimas instalaçoes, mas os hóspedes têm umas caras de maloqueiro da porra. Mas, tá, vamos seguindo.

Embora eu ache que pareça um maloqueiro nesses lugares estrangeiros, eu sei que eu sou uma pessoa direitinha, que tem seu emprego direitinho, recebe seu ordenado todo fim-de-mês... mas nesses caminhantes de Houston, realmente, não dá pra confiar. Aí, eu não vou mentir, quando eu ando pela rua, só porque eu não sou habilitado a dirigir (que fique bem claro que é só por isso), e vejo uma pessoa a pé, (mais uma vez) eu não vou mentir que bate o preconceito. E sobre isso, minha única conclusão é que aquilo que a gente ja' sabe: os pessoal são desunido.


Na próxima vez que vier à América (essa foi de sacanagem), eu espero realmente estar munido de carteira de habilitaçao para poder alugar um carro e, pelo menos, ter a sensação que acomete a nova classe-média brasileira e que eu desconheço nas minhas andanças - literalmente - nestas terras estrangeiras, de ascençao social. A ver (quando o meu chefe vai me mandar vir de novo!).


P.S.: Deixei para publicar do Brasil porque este computador nao fala brasileiro e não acerta botar acento.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paris, 10 de dezembro de 2010

Neste primeiro dia completo em Paris, aprendi ser pouco recomendável seguir os passeios a pé do Lonely Planet no sentido contrário, particularmente quando não se vê o sol ou não se dispõe de um gps. São 14:30h e eu parei para almoçar. O restaurante está quente, ao menos perto do aquecedor - o que é bem razoável - e toca um jazz. Escolhi o equivalente ao plat du jour, já nem me lembro o preço. A opção é creme de abóbora de entrada, pato com batatas e café.
Hoje, mais cedo, no início desta quase malograda jornada, estava com terrível urgência excretora, ou, noutas palavras, uma desconcentrante vontade de urinar. Parei num café, tomei um expresso e comprei uma eau mineral que sequer abri. Ah, outra lição é que não se deve consumir água em abundância antes de se sair à rua, especialmente se a temperatura estiver em torno de 0 graus Celsius. Na verdade, não sei quanto está mais quente do que ontem, mas com certeza, abaixo dos 10 graus. Só me incomoda um pouco quando venta.
Pelo meu “plano” para hoje eu devo comprar o passe para os museus depois deste almoço. Foi uma coxa de pato frita, com batata rostie; sobremesa, um crême broulée. São 15:25h quero crer que ainda haja tempo.
Outra boa lição é que não se deve tomar Naldecon Noite às seis-e-meia da manhã, mesmo que se pretenda tirar um cochilo: dá uma leseira que eu nunca pensei possível (também, pudera, só o houvera tomada à noite).
    

domingo, 17 de abril de 2011

Sobre o entendimento (2)

Rio de Janeiro, 13 de Abril de 2011.

A primeira sobre o entendimento é esta.

Eu prefiro escolher com precisão minhas palavras para, assim, com precisão, compor minha comunicação. Vejamos, então, quanto êxito eu logro neste intento de fazer saber, a quem interessar possa, o que eu penso ou sinto, e sigamos o mote ao pé da letra. Comecemos pelo signo do AMIGO.

Certa feita, num outro momento da vida, recebi duma amiga um cartão lindo que, entre outras coisas de mesma beleza, falava sobre a importância de saber receber o amor que se lhe oferece. Corro o risco de haver perdido o cartão, apesar da intenção de para sempre guardá-lo, depois de tantas mudanças de domicílio, até de estado federado e de tantas outras coisas na vida. Ainda não sei, posso ter perdido o cartão, mas nunca o sentimento contido nas palavras de minha amiga.

Muito bem: mais do que uma frase de efeito, venho tendo ao longo da vida a oportunidade de experimentar e constatar quão importante é receber e aceitar o amor que se nos é oferecido por quem há a nossa volta; percebê-lo no quotidiano é muito menos trivial do que manifestá-lo explicitamente. Felizmente "a vida cria" ou - eu diria, simplesmente - há a realização da experiência em que o amor gratuito seja a única trivialidade imediatamente apreensível.

(Eu me repito muitas vezes neste texto. Vou seguir me repetindo.)

A lição sobre a importância de se perceber (palavra minha) e aceitar o amor que se lhe é oferecido eu devo à minha amiga Mina Kato. O encontro recente que me fez experimentá-lo eu devo à minha amiga Lysa, que me recebeu em sua casa. E esta carta eu dedico ao meu amigo Mateo, seu filho, que interrompeu seu dever-de-casa para vir até a porta e me dar um forte, longo e franco abraço de boas-vindas.

Lembre-se, neste texto, quando ler "amigo", da importância que atribuo à precisão na escolha das palavras. Por ora, que nos baste aquele signo, e deixemos os demais para outras cartas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Devaneios

De repente bateu uma vontade louca
De montar uma fábrica de esperma
Mas 'inda que alguém suporte uma gozada eterna
Toda sua produção se faria pouca

Quem de vós se propões a tal feito?
Vale a pena salientar a recompensa:
Grana, fama, orgasmo, prole extensa...
Tesão de vida, hein? Quão perfeito!

Mas, não podeis esquecer o macete:
A excitação tem que ser constante
Pois deve estar sempre ereto, o cacete

E não fazeis dos vossos membros vareta
É ruim tratá-los como objetos
Pode cansá-los de tanta punheta!

NOTA: Este é o poema que deu origem aos "Devaneios". Foi escrito entre 1991 e 1992, quando então estudante da saudosa ETFBA (quando éramos felizes e eu sabia). Eu não tenho mais cópia em papel, mas foi dos poucos que guardei de cor. Relevem qualquer coisa, eu tinha 16 anos. :-)