segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Refrequição

Hoje eu tenho uma refrequição pa fazê pa vocês.

Muntia vezes a gente se sentimos sem ninguém, sem uma pessoa do lado, pa fazê cafuné. E aí é condo o bicho pega no coração do cara e o cara fica baleado.

A vezes num é nem pobrema de mulé nem nada, é os pobrema que o cara tá teno no seviço; o cara chega de manhã na firma e os colega trata mal, num dá nem bom-dia po cara. Aí o cara se senta defronte do computadô pa vê os emelho aí logo de cara tem o emelho do colega que comprô no cartão pa ele dizeno que a parada tá atrasado e perguntano se ele num vai pagá. Aí, pá, o o cara tomém é de chegada e fica com a cabeça erguida. Aí o chefe pega e manda ele fazê um pagamento na rua: o cara bota o diêro no invelope, pá, e vai, a porra. Aí nem bem o cara sai do da frente do prédio da firma, tá olhando o parreco da mulé, aí o ladrão vem e baculeja invelope. A aí agora? O cara vai dizê o que po chefe? Evem o premero pipino. Eu nem vô contá o que foi que o chefe fez pa você num fica de baxo astral.

Aí, pá, o cara passa o dia e o fumo só entrano, só pobrema. Condo o cara chega incasa, depois ainda de tê perdido o carro do horaro pucaso do ingarrafamento que teve no ôto ônibo que o cara pegô até chegá na Barro Reis, ante de chegá incasa ainda, o cara vai andano pera rua dele e os pessoal tudo olhando e apontano e só rino da cara do cara. Condo o cara abre a porta de casa, tem ôto cara se saíno, aí vem a mulé inrolada na tualha dizeno:

-Num é nada disso que você tá pensano...

E aí? É pa lascá o pião em banda, vu! E isso foi só um dia só. Porque, na vida do pião, todo dia é pobrema, véi, todo dia é dia de pobrema!

Aí, ói, a refrequição é o siguinte. O cara num tem de isquentá cum porra ninhua. O ladrão levô o diêro dá firma? Azar, num é dele mermo! Incontrô a mulé cum ôto? Bota ela pá fora e arranja ôta. Perdeu o carro do horaro? Então é o sinal po cara num í pa casa naquela hora: vai cumê água cuns amigo, que puro meno o cara se diverte e esquece dos pobrema.

Pelo regulá, o cara tem de tê o coqué de tomá a ceveja dele, pegá seu baba dia de sábado ô de dumingo, tê sua nêga in casa e dá seus pulo de quando in vez e puraí vai. Condo o camarado tem essas pequena coisas, o cara veve contente e sarstifêtio. É nisso aí que o camarado tem que se ligá.

Agora você fica aí refritino que eu vô mim saíno. Já fui!


Essa é mais um emelho bala de Claudinei de Jesus Santos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reformas ortográficas



"Provocam-nos essa lamúria as reiteradas reformas ortográficas que vimos sofrendo, partidas de brasileiros que agem ora 'motu proprio', ora em conluio com agentes de Portugal, reformas de curta duração que transformam a ortografia da língua portuguesa no Brasil em verdadeiro artigo de comércio. (...) lembramo-nos sempre que um retardatário ministro de estado surge a perturbar o ensino do idioma com medidas que obrigam alunos, professores e pais a recomeçar o embaraçoso e complicado trabalho de enfeitar nossas palavras ora tirando velhos, ora acrescentando novos adornos."



Ex
certo de Gramática Metódica da Língua Portuguesa; Napoleão Mendes de Almeida, pg. 16; Ed. Saraiva, 45 ed - São Paulo.

Napoleão Mendes de Almeida
1911 - 1998

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Um Obituário para Leila Lopes

Leila Lopes morreu.

A atriz Leila Lopes, a "Professorinha Lu", de Renascer - a novela de Painho - foi encontrada morta em sua residência: uma pena.

Há muito que ouço sobre a atriz da Globo, "Leila Lopes", que resolveu fazer filme pornô. Sempre me perguntava: "quem é essa Leila Lopes?", e as respostas nunca me esclareciam. Hoje, aos 04 de Dezembro de 2009, seu óbito era manchete de capa de alguns tablóides do Rio de Janeiro, entre os quais o Meia-Hora, que fazia referência à personagem da Professorinha Lu.

Esse foi o ponto de partida na busca de alguma imagem guardada em minha memória
da novela Renascer; foi difícil chegar à Professorinha, mas logrei-o. Lembrei-me aos poucos daquelas personagens destacadamente marcantes da novela, que, se comparados aos da professorinha, de Painho, Zé Venâncio, João Pedro, tinham muito mais responsabilidade sobre a trama, embora representassem a saga de um oligarga e seu trauma pelos filhos fracassados, um dos quais casado com uma moça hermafrodita, a Buba, o mais novo que matou a mãe de parto e o outro que era filho de Tarcísio Meira.

Painho e João Pedro estrelaram várias outras novelas usando outros nomes, mas limitemo-nos a Renascer. Penso que a tragédia de Leila Lopes poderia suceder a qualquer um, especialmente a Buba, mas vem justamente onde o país é carente, na educação. Assisti àquele filme com Buba, "Querô", em cuja trama ela morre logo e o filme até melhora. Buba também foi apaixonada por Engraçadinha quando ela ainda era ordinária e, se não me engano, tentou seduzi-la depois de lhe ofecerer lança-perfume.

Eu fiquei triste que a Professorinha Lu tenha ido para a Escola do Além, mesmo depois do filme de sacanagem. Afinal, qual aluno não gostaria de tê-lo assistido?

Descanse em paz, Professorinha.