domingo, 15 de novembro de 2009

Discurso de Formatura

Menos que um discurso, esta é uma carta aberta de cujos cinco remetentes eu sou o porta-voz. De antemão é imperativo registrar-se neste momento que não há outro motivo para trazer-vos estas palavras senão o júbilo e o regozijo que compartilhamos convosco, de sermos nós cinco dignos de protagonizarmos esta cerimônia.

A despeito de nossas idades, é visível em nossas faces que o prolongado repouso no berço das Academias consome significativamente a juventude, com o quê pagamos pelo universo de conhecimento que se nos disponibiliza e pelas possibilidades que se nos revelam. Mas, se disso não tivermos tirado o devido proveito, corremos o risco de descobrirmos futuramente não ter valido a pena qualquer abstinência em favor do cumprimento de nossas atribuições enquanto estudantes universitários.

É desejável também que saibamos ser nosso dever sermos mais aptos a resolvermos os problemas com que deparar-nos-emos do que os nossos concidadãos que não estiveram na universidade; e isso implica maior responsabilidade para com a sociedade e para com o Estado Brasileiro. Não que o diploma confira-nos o título de "donos-do-saber'', de maneira alguma, mas que a formação universitária, distintamente, nos tenha permitido conhecer a metodologia científica. Sim, pois ao contrário do que se possa pensar, os laboratórios de pesquisa não são a única morada da metodologia científica, que admite sua aplicação em tarefas comuns a qualquer pessoa, como arrumar uma casa ou cozer um alimento.

É fato que a posse do diploma causa certo temor pelo devir. Mas ante à impossibilidade de retroceder, prossigamos. Ao sairmos por aquela porta, provavelmente o mundo parecerá exatamente o mesmo aos nossos olhos, exceto pelos novos lugares que ocuparemos a partir de então, inexoravelmente.

Sem mais delongas, depedimo-nos.

Salvador, 28 de abril de 2001.