segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Minha novela

Há muitos anos tenciono escrever uma novela. Ao contrário das ordinariamente exibidas, minha novela não deixará óbvio o desfecho já no primeiro capítulo, como é costumaz na teledramaturgia brasileira. Será a quebra dum paradigma, pois vai acabar de uma vez por todas com as revistas da TV. Eu mesmo, que não assisto novela, acompanho as capas e entendo tudo.



Será assim. Nenhum personagem participará de mais de cinco (05) capítulos, necessariamente os de segunda a sexta; o sábado será para as cenas dos próximos capítulos, apresentadas aleatoriamente, cabendo ao expectador ordená-las mentalmente; cada ator será protagonista em apenas um capítulo e coadjuvante nos outros quatro, Sempre com menos importância que no anterior (ou seja, cada personagem já aparece como protagonista do capítulo). Terá no elenco mais de 300 atores principais, entre os quais Francisco Cuoco, Claudio Marzo, Claudio Cavalcanti, Tarcísio Meira e, no dia em que todos contracenarem, será idêntica a algum capítulo de Irmãos Coragem; terá ainda José Wilker, José Mayer, Taumaturgo Ferreira, Claudio Vereza, Ricardoo Macchi, entre tantos outros.



Haverá muitos closes dramáticos, erros de concordância e algum barbarismo; uma personagem (do sexo feminino, distinção feita no artigo) concentrará todos os tabus já tratados em novelas da TV Globo: a mulher será lésbica, negra, mãe solteira, usuária de drogas, deficiente física, prostituta de rua, hermafrodita; amará demais, terá sotaque estrangeiro e morará nalguma cidade da Bahia. Ah, será medium. (Posso atualizar este texto acrescentando características à personagem). E, na sua última aparição, será vítima do Tesoureiro Maluco, interpretado por Guilherme de Pádua.

Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.