terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Maloqueiros do Mundo (II)

Continuando com a visão distorcida, eurocêntrica e (escroquemente) irônica do resto do mundo, quero aproveitar o comentário de (Eduardo) Rossiter sobre o texto anterior para seguir com minha análise rasa e politicamente incorreta sobre esses maloqueiros, que saem de seus países pra bagunçar os das pessoas civilizadas, a exemplo do que eu mesmo fiz e, devo confessar, com o que muito me identifiquei.

Africanos

São muito numerosos em Paris, parecem até que sempre estiveram lá de tantos que são. O negro em Paris pode ser tudo, menos exótico, de tão comum. Não estive em nenhum bairro de africanos (nem de árabes, nem de marroquinos, nem de ciganos... parecia até que eu nem era maloqueiro), mas eles são realmente numerosos e braulizam com naturalidade.

A estação de Chatelêt, perto do Centre Pompidou, no bairro - bem turístico e "alternativo" - de Marais é muito grande e movimentada, encontro de várias linhas de metrô, além do trem, com estações mais espaçadas, que cruza a cidade levando (e trazendo) o povo (e os pessoal) dos arredores. Pois bem, a saída da plataforma de desembarque se dá por umas portas que se abrem automaticamente com a proximidade de quem sai. Eu cheguei a ver uma família inteira de negões esperando a porta abrir para entrarem sem pagar numa das vezes que passei, e foram várias: homem, mulher e carrinho de bebê com ele dentro, tudo junto. Também vi negões sozinhos usando o mesmo expediente, particularmente na hora do rush, quando a muvuca é maior. Diga-se de passagem (sem pagar), foi mais de uma vez que eu saí e um africano entrou (vamos generalizar para manter o mote).

Ser negão africano é natural e corriqueiro pra gente, até porque eles se passam por brasileiros tranqüilamente até falarem, exceto os americanos ou diplomatas. Mas para os franceses, esses africanos, como eu, são maloqueiros do mundo.


Franceses

Antes que alguém me chame de racista, quero contar o reverso da moeda. Até porque só a gente que é preto é que sabe.


Numa das muitas vezes que acessei a estação de metrô Saint Georges, eis que uma moçóila muito fofinha, que é, sem qualquer esforço, o que toda típica patricinha brasileira gostaria de ser, se dirige a meu amigo e diz qualquer coisa em Francês. Ele ignora e passa direto. Eu, malandro de muitos anos de buzu, entendi que ela queria passar com ele ou qualquer coisa do gênero, para usar o metrô sem pagar passagem. - Vacilão!, sentenciei, porque deixou de tirar aquele proveito da situação, da proximidade, do contato. E aí que com muita desenvoltura a mocinha pula a catraca e acessa a plataforma de embarque. Pra quem tem preconceito de cor, não dá pra entender como uma moça, assim, de família faça uma coisa dessas. Mas os franceses não pararam por aí.

Noutro dia, na mesma estação, um rapazote, que no Brasil seria tido como "de família", com a mesma destreza, pulou a catraca e inseriu-se no sistema de transporte de massa parisiense.


É por essas e outras que o taxista recifense, com trinta anos de praça no Rio, falou com convicção:

- Eu não gosto de gringo, eu gosto é do turista brasileiro (ênfase dele, tenho testemunhas, se alguém fizer questão).

Schopenhauer e o taxista compartilham do mesmo sentimento, em particular, sobre os franceses. Em "A Arte de Insultar", diz: " Todos os outros continentes têm macacos. A Europa tem os franceses. É a mesma coisa."

Agora, cá entre nós, esses franceses vêm pra cá querendo dar uma de chiques, mas, na verdade, na verdade, eles não sabem que nós sabemos que eles, na superfície, são uns maloqueiros do mundo. Se depender daquele taxista, eles vão andar é de ônibus!

Valeu.

5 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fafo disse...

Evém você, toda maloqueira.

Rossiter disse...

Ai voce disse tudo, francês é muito maloqueiro...
Outro dia tava na estrada, passando no pedágio. Meu cartao ficou emperrando pra pagar e eu precisei de uns 5 minutos, os quais o francês atrás de mim esperou muito calmo e solicito. Primeiro mundo, pensei!
Assim que meu carro passou, ele arrancou, aproveitando para nao pagar (tipo no metrô) e nunca mais o vi...
Maloqueiros demais!

roberto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
roberto disse...

Deixando claro que o Amigo do texto na estação de Saint-Georg era Eu! E que eu ignorei ela pouco importando se tinha entendido ou não o que falava por uma simples razão: "Esmola demais, o santo desconfia". Essa estória de "se dar bem" é papo de alto risco quando não se está no seu habitat natural. Vide outro amigo nosso, bitonhoso que não escutando meu discurso adentrou a madrugada de Copenhagen em Outubro, dois meses antes dessa cena em Paris com Fred, completamente embriagado sem saber falar uma palavra fora da língua portuguesa e encontrou no caminho do hotel uma loira, dinamarquesa, +- 1,78m, olhos verdes, magra com cintura fina e peitos grandes. Ela foi toda solicita com ele, fofa, simpática e ele seguiu o comportamento logico de "Se dar bem". Foi com ela até a porta de um estabelecimento ao qual ela fechou na cara dele deixando-o de fora, apesar das inocentes suplicas. No outro dia ressuscito o moçoilo em seu hotel onde ele constatou que ela havia levado 300 euros e um óculos recém-comprado Dolce&Gabana do Bolso dele. Hoje, vendo coisas para serem feitas em Glasgow para futura viagem, vi um comentário do site da agência de turismo da própria cidade: Be aware about many cases of "Gorgeous Pickpockets" around the city. A maneiras melhores e mais seguras de tirar algum proveito....binho é testemunha. Além disso...eu namoro porra!! Porraa!!!OOOhhOOHOOO. O vacilão é aquele que não avaliando corretamente os riscos, subestima e incorre neles sem garantia de custo-beneficio sequer.