domingo, 20 de julho de 2008

Relatos Porteños I

29 de abril de 2007.

Passara a noite em claro. Partira alegre. Voara absorto. Dei-me conta da chegada somente quando o avião cruzou a foz do Río de La Plata.
Sonolento, acordei enfim. Um argentino carimbou meu passaporte (felizmente, foi só isso). Troquei R$50,00 por pesos no aeroporto. Esperei uma meia-hora até chegar o traslado ao hotel. Conversei com o motorista o suficente para descobrir que era torcedor do River Plate. No caminho até o hotel, no Centro, há condomínios tanto mais luxuosos como mais proletários, daqueles com varais nas varandas. Há também favelas iguaizinhas às nossas. Muitos carros velhos circulam normalmente. Conversei um pouco mais (em "castellano", desde o início) até chegarmos ao hotel.

Chegando, tomei banho e saí pela Av. Diagonal Norte em direção à Plaza de Mayo para de lá ir à Feira de San Telmo, uma de antigüidades e artesanato. Na Plaza de Mayo uma moça de uns trinta e poucos anos veio até mim e me ofereceu seus serviços de guia. Eu não aceitei, mas como fi-lo mui delicadamente, ela se sentiu à vontade para falar de várias coisas, inclusive de suas convicções políticas. Em certa altura conversa ela me perguntou donde era. Respondi e sua reacçao, agora sim, realmente me surpreendeu. Ela me disse que meu sotaque parecia caribenho, e não brasileño. Comecei a achar que estava me saindo bem. Prosseguindo, fui a San Telmo: muito pitoresco. Para marcar o evento, a primeira coisa que fiz foi comer una empanada de carne con un porrón de Quilmes. Después, caminhei até Purrto Madero, que hoje é um centro gastronômico no qual se transformou uma parte da zona portuária. No caminho, fui abordado por mãe e filha, que me perguntaram como se chegava lá. Eu respondi que não tinha certeza, mas a julgar pela direção aonde iam as outras pessoas, deveria ser para lá. Seguimos. Eram Dna. Graciela e Evelyn. Conversamos mais, até chegarmos à revelação da minha nacionalidade, o que causou surpresa positiva nas duas, mas especialmente em mim (surpresa pela reacção delas). Descobri que Evelyn gosta e até sabe algum português, e até mais do que isso, "habla en castellano, pero con acento brasileño", disse-me. Conversamos um pouco mais até chegarmos à minha idade, quando então Dna. Graciela perguntou-me "qual é a fórmula?", a qual eu não revelei. Elas entraram num veleiro aberto à visitação e eu segui para o restaurante Siga la Vaca.
Encontrei o restaurante, que serve um buffet de churrasco, salada, sobremesa e vinho, TUDO INCLUSO, ao custo de 42 pesos (aos domingos, nos outros dias é mais barato, em torno de 28 reais). Tomei a primeira garrafa, continuei comendo, resolvi pedir a segunda. Tomei-a também e fui embora em bom estado. Tomei um táxi até o hotel e descobri que o problema foi o táxi (piadinha). Dormi e passei mal à noite. Nesse dia, aprendi que não devo tomar mais de uma garrafa de vinho quando estiver sozinho.

Federico (minha identidade circunstancial).


Um comentário:

Unknown disse...
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