domingo, 20 de julho de 2008

Relatos Porteños II

30 de abril de 2007.


Foi um dia confuso. Saí do Hotel Obelisco e caminhei pela Av. de Mayo, mas agora em direção à Plaza Congresso. Comprei uma edição do Clarín (eu pedi o menos conservador) e me sentei à mesa dum café para ler e apreciar o movimento. Eram umas dez e meia e eu li até mais de uma da tarde, entre cafés e medialunas (croissans doces, muito comuns aqui). Voltei ao Hotel Obelisco para pegar minha bagagem e me dirigir para o Hotel Duomi (era para ser assim mesmo). Resolvi ir de subte (de "subterráneo", como se chama o metrô aqui). É confuso à primeira vista, principalmente quando se carrega três mochilas, mas depois eu vi que não é tão difícil. Foi cansativo, mas cheguei.


Lá pelas três da tarde almocei um pollo con ensalata (eles pronunciam o ll como o nosso j) no Paco´s, um simpático restaurante popular à Calle Uruguay. Voltei ao hotel, tomei um banho e saí para ir à Calle Florida, onde os brasileiros adoram ir para fazer compras (é só uma rua com muitas lojas). Por sinal, fui de metrô e foi bem mais fácil. Quando saí da estação, deparei-me com uma manifestação de empregados da Movistar (também muito pitoresco).


Caminhei um pouco mais até encontrar uma menina distribuindo cartões postais e aceitando contribuições voluntárias. Ela era linda, Ávril, que me contou fazer parte de um grupo teatral e assim era que arrecadavam fundos. Eu comprei um do River Plate por um peso e marcamos de nos encontrarmos no primeiro de maio.


Caminhei mais um pouco e conheci Laura, uma garotinha de uns 8 ou 9 anos que tocava um acordeón e aceitava esmolas. Uma gracinha. Deixei dez centavos e tirei umas fotos autorizadas por ela. Ela me chamou e me perguntou de onde eu era, ao que respondi. Então foi quando ela me puxou pelo braço até uma loja de brinquedos e foi direto nas bonecas caras, alegando que nunca tivera uma. Foi em várias. As bonecas eram realmente caras, mas eu me sensibilizei e me decidi por uma solução consensual. Disse-lhe que lhe faria uma surpresa, mas que eu escolheria somente se ela voltasse. Quando eu fiz menção de ir embora, ela saiu correndo e voltou pra sua cadeirinha para continuar com o acordeón. Então eu comprei um tamanquinho de alguma princesa da Disney ao custo de AR$ 15,90, o que dá pouco mais de dez reais. Passei por ela e deixei. Eu acho que ela gostou.


Voltei para o Hotel à pé, caminhando pela Av. Corrientes. Jantei um ravioli de verduras ao molho bolonhesa e tomei uma meia-garrafa de vinho (3/8, Norton Classic argentino). Em certa altura da conversa com o mozo, ele me disse que tinha sotaque europeu e me perguntou donde era, o que respondi. Como fiquei curioso, indaguei-o de volta de onde lhe parecia meu sotaque e ele me disse que parecia francês.


Eu confesso que me esforço para falar direitinho, ao jeito portenho, mas realmente não sei o que produz esse efeito. E o dia foi assim.


Federico (identidade circustancial).

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